Creio firmemente que, a haver no mundo forma de nos passarmos para
uma dimensão paralela, esta será num centro comercial em plena época
natalícia, com o frenesim histérico do consumismo, o ritmo das bancas de
embrulho, os piscas-piscas por todo o lado, as multidões ansiosas, os
blockbusters e adaptações de livros ao cinema, o acotevelamento geral,
os carrinhos cheios e as filas de supermercados cheias, os
engarrafamentos na área dos brinquedos, os abutres de volta dos camarões
e bacalhau, tudo isso, a criar um campo de forças místicas que nos
fizessem, pim!, num momento estávamos a admirar as pirâmides douradas de
Ferrero Rocher, no outro tínhamos discretamente desaparecido nas barbas
das câmaras de vigilância do hipermercado. E nós dávamos connosco no
meio da Terra Média.
Portanto, lá fui eu ao centro comercial hoje à
tarde, que estava pela primeira vez a fervilhar de actividade de forma
decente, e só me apetecia bater em toda a gente porque estou assim um
bocado para o hormonalmente desequilibrada, e moral da história: nem a
ponta de uma orelha élfica ou um coelho a seguir até ao País das
Maravilhas. Rien.
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