A grande vantagem desta casa é que ninguém me chateou, nunca. (...) Nunca ninguém me perguntou se já jantei, se já comi, se vou sair, se sair tão tarde não é mau; ninguém comentou os horários, a luz acesa durante tanto tempo, nem me aconselhou a dormir ou a comer ou a falar ou a conviver mais; nem quiseram saber que tipo de relação tenho com os meus amigos, ficando atentos na despedida, a ver onde calhavam os beijos. (X)*O tumblr fez-me muita coisa, mas não me tornou numa viciada do botão reblog. Assumo que para a maioria das pessoas seja um hábito de preguiça, reblog reblog reblog.
E, já agora, porque isto parece curto, cá fica a minha sabedoria coleccionada ao longo de dois anos:
coisas a verificar quando se aluga um quarto
- pressão do chuveiro
- situação de internet/telefone/tvcabo, facilidade da sua eventual colocação
- mobília do quarto (ter em mente que, na verdade, livrar-se da mobília excessiva é mais complicado/exige mais lata do que ir ao ikea/bricomarché/whatever arranjar mais um par de gavetas)
- distância e declives até transportes mais próximos
- distância e declives até supermercados mais próximos
- potencial para barulho do exterior (observando tipo de piso, largueza, tipo de intersecções próximas, papel no trânsito da cidade)
- facilidade de lavar e estender roupa
- mobília do quarto
- especificações do acesso à casa
- distâncias aos pontos de interesse (faculdades) em vez de, ou cumulativamente com, tempos - desconfio da passada alheia, que consegue ser sempre mais afoita que os meus pés enfiados em sapatilhas que perdem sempre os pais e amigos não neuróticos e não sobrecafeínados atrás de mim
- distância e tipo de transportes mais próximos (e distância ao tipo de transporte mais fácil de entender [METRO METRO METRO METRO. comboio, comboio. METRO.])
- situação de internet/telefone/tvcabo
- dimensões do quarto - para mim não significa absolutamente nada, excepto de que o senhorio não teve vergonha de as dizer
- aqueles tópicos do fumar/orientação sexual/idades no mais neutral possível, indicando que casa não é governada por neonazis, esquizofrénicos e pessoas com pretensões paternalistas
- colocar "alugo a menina estudante sossegada" e coisas de género é, opino, o cúmulo da inutilidade - a experiência até agora tem-me mostrado de que, tal como só as pessoas que se atrasam é que se definem como pontuais, só quem tem demasiada liberalidade de espírito é que não pensa duas vezes sobre não estar à altura do sossego doméstico, e as verdadeiras meninas universitárias sossegadas estão em negação quanto ao seu estado sossegado.
E vais reblogar justamente essa parola?
ResponderEliminarQuando leio "alugo quarto a menina ou senhora", passo logo à frente. Nem sei explicar o porquê, é aqui uma sensação que se me dá. 90% das vezes é para morar com a senhoria, uma senhora de oitenta anos, que "corrige" tudo o que a jovem faz, que já não vê bem e então a presença de gorgulho na cozinha é quase garantida.
Em Lisboa, preciso de saber se a casa já teve baratas (recuso uma casa em que me digam "Ah, no Verão aparece uma ou outra, afinal estamos em Lisboa, não é? Mas a casa não tem baratas", também já recusei - pura maldade minha! - uma casa em que me disseram "não, debaixo do chão há, que é de madeira e é antigo, mas em casa não" - se ao menos nesse dia, somente nesse dia, eu pudesse voar).
Não sei se para ti é importante, mas o Google Maps, com as suas vistas de rua, tem-me poupado imenso tempo, evitando visitar prédios nos quais teria nojo/receio de entrar. Nunca mais foi tão mau procurar quarto, desde que as vistas de rua apareceram no Google. Com o seu carrinho conduzido pelo Além, Ave Google.