terça-feira, 20 de julho de 2010

Perfeição em Massa

A culpa da minha obsessão com embalagens não é da minha tendência de acumular coisas. A culpa é da perfeição delas. Ontem, a minha mãe - que tem uma sinusite quase mundialmente célebre e é assim The Lord of the Tissues, porque à palavra lady falta carácter épico - deu-me um pacote de lenços que tem um esquilo com balões estampado. O cheiro a laranja eu ainda consigo suportar, mas que pessoas pérfidas, de mentes distorcidas, são estas que acham que eu me devo sentir feliz por me assoar a um desenho de um animal fofo? Porquê embonecar as coisas que são para pôr no lixo? Serei a única pessoa a achar que este tipo de comportamento, este destruir as coisas bonitas sem pena, tem traços de loucura?
Todas as coisas dispensáveis, descartáveis, produzidas em massa, são tão absolutamente perfeitas. Fui a uma fábrica de plásticos numa visita de estudo e as embalagens, aquelas embalagens que ignoramos todos os dias, são tão bem feitas, tão desprovidas de falhas. E as embalagens de cereais estão tão bem impressas. E os bonecos que eles fazem para nos vender as coisas são tão bem desenhados. Que não importa quão comum e vulgar tudo aquilo seja, eu não consigo ultrapassar a perfeição, não quando tudo o que eu faço é tão desajeitado, não quando tanta coisa que eu compro me falha.